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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pequeno enVeredito


Eu também quero entortar as coisas até que se pareçam latas velhas

Encarquilhando o gosto dos jovens da televisão

Amo as arvores enganchadas no vento, cada galho um grito.E minha pupila grita junto.Depois pisco e paro.

Alguns nomes parecem coisas que fedem, mas com sonoridade singular e registro de pessoa física.

É possível que eu me engane, é impossível que não.
Vou me perdendo entre um rabisco mais sincero e outro absurdo no curso de minhas veias
Hoje estou lua cheia, hoje ainda mudo os pólos do mundo
É para hoje toda minha ânsia de aceitação.

É preciso afagar o amor odiando meus interesses. 
toda sentença termina em dúvida.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

a dor do ar






 Final da noite, as estrelas não caíram
Ainda estão coladas no céu, em seu parquinho de diversões
E pra elas que ainda brilham de mansinho, um suor, um suspiro
Não amo a vida, apenas movo e danço um espetáculo saturnino
E a solidão é tão cheia de nomes e verbos, como pode ser tão só se expõe tanto minhas carnes?
Quem dará veto a terrível crime? Quem dará chão aos meus pés? bobagens, sigo enxugando a lágrima alheia
É tão cheia de mim minha tristeza que a abraço e ando
Nasci do temível ovo primordial que deu origem às galáxias, mas ainda não sei meu nome
Meu Lar é esse aperto no peito, minha infeliz aceitação
Inexato coração, sinto a dor de doar
Atordoada, doei uma asa à mãe e roguei ao pai feliz colheita
e da asa que me restou fiz o molde de um sorriso
As coisas que não tem nome me ferem menos
Fim de noite, fiz meu juramento
Em mim dorme a pulsação de mil universos
Tão plácidos, tão em mim, órfãos de seu criador
Mas dormem, só meus olhos é que permanecem acordados
Impotentes, meros satélites margeando a imensidão do quase
O inalcançável absurdo de achar-se plena sem saber de que

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Resposta






Eis nos sinais, nas virgulas, nos sinônimos
eis nos decassilabos, nos antônimos
nossa ânsia, nosso vômito
eis nas casas dos animais a trepar, trepadeiras ambulantes
Sem os compostos comuns à antiga arte do lexico
de que seria feita nossa santa ignorância?
Sem o cheiro da carne que clama por enlevo ou pela descida dos anjos
A carne chama, chama a chama, nas ruas, nos becos, nas lajes dos edificios
Pois a pele é o papel da alma que o sangue preenche de historia
Por veias tortas, por mãos sedentas que rasgam véus
E nós nunca sabemos seus porquês
A estultícia reside em ignorar os deuses que somos, que fui, que és
E que  jamais pedirão outra oferta
Pé descalço e calejado
nossos passos marcando as areias do universo
Cedo ou tarde saberemos, na universidade do tempo, saberemos como quem chora
Como um grande olho que olha sem ter aprendido a olhar
Como um olho que molha a terra aflita, tranqüilo, imponente, imparcial e reflexivo
Como uma grande pupila de pérola no suor da lavadeira
Como uma sereia gigante tangendo o universo com a cauda no oceano profundo, místico, invulgar...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pressentear


Me dê qualquer coisa de Clarice que não sou qualquer uma
Me beije e  me leia seus contos, suas crônicas
Seus porquês de amor, mas não cite meus nomes por aí
Tempera minhas palavras, me costura em seu bolso
Toca as silabas infinitas com as pontas dos dedos na minha história
Imagina meu silêncio, seu silencio infindo
Perene gloria sinuosa, música em meus ouvidos
Placebo do meu recato
Avulso e vasto
A arte acesa de não saber quem se ama, o que se ama
Quando e onde e como
Serena o mar que ruge em minhas pedras, não
Dá outro beijo
Me lança a gloria de Leônidas
Perfura meu aço, quero costurar seus ais em meu travesseiro
Nessa confusa doce insone lembrança
de andar descalça na areia a gritar seu nome  me transformando também em areia
Do tempo, areia lunar
De ondas na enseada
Que essa pobre fadiga acusa
Plágio de marte em meu quintal

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Osho sobre a Tensão





Todas as metas pessoais são neuróticas. O homem sintonizado com a essência das coisas consegue entender, sentir que: "Eu não sou separado do todo, e não há necessidade de estar elegendo e procurando concretizar algum destino por minha conta. Os fatos estão acontecendo, o mundo continua girando -- chame isso de Deus... ele está fazendo coisas. Elas acontecem por vontade própria. Não há necessidade de que eu trave alguma luta, que faça qualquer esforço; não há necessidade de que eu lute por coisa alguma. Posso relaxar e simplesmente ser".

O homem essencial não é um fazedor. O homem acidental é um fazedor. Por isso, o homem acidental vive naturalmente com ansiedade, tensão, estresse, angústia, sentado o tempo todo sobre um vulcão. Esse vulcão pode entrar em erupção a qualquer momento, porque o homem vive num mundo de incertezas e acredita que pode tomar as coisas como certas. Isto gera tensão em seu ser: lá no fundo ele sabe que nada é certo.
Osho A Sudden Clash of Thunder Chapter 3

Comentário:
Quantas pessoas você conhece que, justamente quando estavam totalmente sobrecarregadas, com projetos demais, com muitos sonhos, de repente foram derrubadas por uma gripe, ou levaram um tombo e acabaram de muletas? Esse é exatamente o tipo de "momento inoportuno" que o macaquinho, com o alfinete na mão, está prestes a impor ao "showman" retratado nesta carta!
O tipo de esgotamento nervoso representado aqui acontece de vez em quando com qualquer um de nós, mas os perfeccionistas são particularmente vulneráveis a isso. Nós mesmos é que o provocamos, com a idéia de que, sem a nossa participação, nada acontecerá -- especialmente do jeito que queremos que aconteça... Bem, o que o faz pensar que você é tão especial? Você acha que o sol não se levantará de manhã, a menos que você programe pessoalmente o despertador? Saia para dar uma volta, compre algumas flores, prepare para si mesmo um macarrão para o jantar -- qualquer coisa "sem importância" serve. Trate de colocar-se fora do alcance daquele macaquinho!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

P&B



A pasta branca atinge o mármore negro
Lava-se o negro mármore ou a branca pasta?
Encontro antagônico de cores e dureza
Produz em meus olhos
Perspectivas assimétricas
Ante a discriminação da natureza
Há beleza em paradoxo?
Há esplendor! Contrário ao que se dita nas mesas
Nada mais sei agora
Além de que o mármore negro
Nunca mais será o mesmo negro mármore
E a branca pasta flui irresistente para novos horizontes, para novas durezas.
Nada mais sei agora
O mármore negro permanece
Continua atingido pela clareza da pasta
Somente meus olhos mudaram de cor.


EM 4 DE MAIO DE 2006 postada em meu antigo blog o qual perdi a senha.

domingo, 12 de setembro de 2010

Aperto


Banham-me os bálsamos da saudade
Que a rosa é o significado oculto do espinho
E na véspera de ser o que  foste ontem
Lapidaste  meu caminho

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ardilharia







Escrever não é juntar grafite às palavras
Dormir não é abrir os lábios a bocejar
Cantar não é perder-se no vagar das notas
Sibila na inconstante instancia de todas as coisas a véspera da plenitude sublimada
O que não foi água não conhece o que é ser sal
Nada é a não ser o que já foi
Contudo o tempo não se permitiu saber
De compasso em compasso passamos breves
E vicejamos ante o ser nada e o ser tudo
A maresia de inocente criança que acredita em sonhos
Não sendo e sendo na ânsia de amanhã tornar-se
Tu eles, eu tu
Quem somos nós? Permanece ardendo
 A terrível pergunta  

sábado, 4 de setembro de 2010

Vai




É que nosso amor era só uma velha amizade
Que não progrediu senão nos ditames póstumos de nossos labirintos
Feito de carne, lágrimas e desabrigo
Seguimos achando que o universo tinha nos encontrado
Como de fato encontramos
Nossas culpas e o zelo de tê-las perdido há muito
Colocamos as coisas no devido lugar, a carne fraca exangue
Viva chaga era o que ardia, não amor
A compreensão sulfúrica de belos apaixonados
Sigamos eternos, nus, prontos
Enlevando-nos sempre ao próximo passo

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Dracunculo




Não são teus olhos que quero em figura branda e pálida
Beijar-te na alvorada não significa que devo morrer de solidão?
Se tua mão lisa e clara, quantificasse serena minha pasma e esquálida serenata
Perante mórbidos encalços e pedras feridas que atirei em meus vidro e espelho
Difunde gelo em meus trópicos, tua doce ânsia de liberdade querida
Que em minha sofrida primavera deixei-te ir , num adeus de espasmo
E oposto à minha pena
Sou teu cravo, teu breu
Não sou eu as flores que passo alimentando o sonho em lindas pálpebras
Não, eu sou o vil martelo que apregoa ao universo tuas culpas
Eu sou a fenda que se abre ao céu que chora a testemunha de que não mais existimos
Não posso dizer-te muito obrigado nem mil desculpas
Apenas deixo-te no fim do abraço

terça-feira, 22 de junho de 2010




Às vezes é preciso desejar a pausa da beleza
No espetáculo das coisas
É preciso descansar da condição de deslumbramento eterno
Que me faz viver em constante convulsão
O êxtase do contentamento para nada mais serve que alcançar o terrível estado inerte das coisas mortas
Minha alma se cansa de dançar sozinha no salão onde vaga meu corpo trêmulo e solitário
Tudo que encontro são outros olhos de janelas breves e lágrimas liberadas no intervalo do pesadelo
Essas lágrimas não saciam minha sede.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sem o racismo... ( relato de um veterano de guerra)









"Sem o racismo os soldados perceberiam que têm muito mais em comum com o povo do Iraque do que com os bilionários que os mandam para guerra"

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Voz de Trovão

Intenso como um beijo apaixonado, chegaste em minha vida com tua voz de trovão que me arrepia a pele e encanta meus ouvidos como música que dos teus lábios saem para colorir os meus dias que de cinza andavam, deveras, marcados. Agita-me tal qual a potência de um rock e me endoidece com seus metais endiabrados, compartilhados em madrugadas tediosas, dando vida às minhas ancas que bailam chamando por ti.
Contigo quero dançar ao som de músicas que somente nós dois podemos ouvir porque a existência delas está na sintonia entre corpos que chamam um ao outro. Quero encontrar teu abraço como quem precisa de um rumo na vida porque seu sorriso é o imã que me prende a ti. Dono da risada que me eleva a alma e faz tremer minhas carnes, tomando conta e me invadindo sem pedir licença.
Tua fome por aquilo que brota no meio de minhas pernas, me faz desejar a junção dos teus lábios nos meus...Grandes, pequenos...Em cima ou embaixo. Fecho os olhos, te imagino saboreando-me como quem sente o gosto de fruta doce, matando a sede com o mel que de mim escorre. Quero-te em riste, dentro, deixando marcas como se dono de mim fosses. E eu, obediente, faço todas as tuas vontades, pedindo sempre por mais.
Minhas mãos já não me obedecem e pelo meu corpo passeiam pedindo pelas suas lendo-me em braile. Por tua causa meu sono é embalado pela luxúria e, invariavelmente, acordo entre lençóis cheirando a suor e desejo. És minha tentação da guarda. O dengo mais gostoso de ter.
Oráculo que tudo sabe. Capaz de adivinhar meus pensamentos mais escusos. Meu bauzinho de segredos....Contigo divido o que ninguém sabe. Fruto de minha imaginação? Realidade quilometricamente distante? Mundos paralelos? Ouvi em uma canção que esperada sou para sermos felizes, tu e eu. Digo-te, pois, que ainda que eu nunca chegue, seremos felizes porque tua serei enquanto houver pensamentos, sonhos e palavras.

Texto de autoria de Marcia Moura, a amiga de minha alma, produzido em sonhos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Preencha se for capaz





Não existe sabor na prolixidade nem em nenhuma palavra que se escolhe como flecha
Atingir objetivos pela palavra é como guardar nuvens na gaveta, tudo se dissipa em breve
O beijo, a mão leve e boba, tudo é passado.
E se for não dito não escapa, corrói os crânios e encéfalo
É por isso que se chama massa cinzenta, e creia-me que a mente é mais densa que a terra
A terra é onda vaga onírica, pluma leve solta. Na nossa casa temos um vale de dimensões grotescas, ele se chama Cobol. Acontece que derramamos todos os eflúvios em um litro só. Temos mais compartimentos, produzimos lavagem ácida, uma chama quase viva de tormenta, ninguém percebe, não entende o porquê disso, o porquê daquilo, não entende o porquê de tudo estar tão escarlate. E nesse vale os ecos gritam mais que as próprias vozes produzindo inércia e antecipação, tudo termina antes do começo, quer se repetir, esfola a naturalidade e deixa atônita as crianças da criação plástica das inverdades. E acaba antes que se cumpram as etapas, que se mastiguem todos os ossos, ficamos com a sobra do que não foi, num texto , numa solidão, num café da manhã vazio e sem perspectiva.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Confraternização


 
O céu de maio recebeu do blog http://ericksonianamente.blogspot.com/ o selo Prêmio Dardos. Obrigada a Camila Sousa que, com sua sensibilidade, criatividade, competência, sabedoria mereceu a indicação recebida.

"O Prêmio Dardos é um reconhecimento dos valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras."
 
Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.

Regras:
  • Exibir a imagem do selo em seu blog
  • Linkar o blog pelo qual recebeu a indicação
  • Escolher outros blogs a quem entregar o prêmio Dardos
  • Avisar os escolhidos

Minhas indicações 


http://aragonismo.blogspot.com/

http://www.blog-sincope.blogspot.com/

http://www.tocandoideias.blogspot.com/

http://holosgaia.blogspot.com/
 

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cúspide


os céus se abrem perante mim
meu coito sincero comoveu o mundo
as tetas da mãe sensata vertem rios de lisonja
ai meu deus
ai meu deus
está cá uma devassa que nao me rende um tostão
vai-te embora dor alheia que não quero seu pertence
funga, lambe, vaza
chora náusea
arrebenta o viril laico de teocrácio
ferrolhos de abril trancafiam meu maio na escuridão
um monstro  imberbe vem se alimentar em meu seio
em seu peito um pedestal de bronze com os dizeres
chamo-me Morte.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

pessimismo volátil






A expectativa ofegante
Respira vaidosamente
Aspira poluindo o ar de gente que geme
O organismo levitando, singela e sorrateiramente
Entre os muros das casas e pessoas
Janelas e pálpebras alarmadas
O medo do pior engolfando-se nas ladeiras e mesas
Paciência, um pouco que se sofre hoje de nada vale amanhã
Os pés seguirão os mesmos sulcos dos esqueletos
Se os calos já não falam
Mórbidos
As pedras não profetizam
Maldição
A dor perdeu o sentido, a dor se tornou um fim
Perdição

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sugestão




O calor que se estende em minha pele
Me faz querer lamber o céu
O azul do céu
Se hoje não possuo o requinte do silencio
Que se partam aos raios para longe seus tímpanos
Sua pele, seu absinto
Minha lua desvairada despencou do céu
Minha lua coitada sangrou o rio
Minha alma armada desferiu um golpe de formosura
Contra o laço das galhofeiras
Eu portava uma arma, uma vela, uma caravela
Uma abóbada, um ocre
Eu portava uma aquarela, um desfalque, um grito
Uma antena
Eu absorvia um raio, uma loucura, um muro, um calço
Eu morria e ia e via e fazia
Eu vivia, vencia, luzia,
tardia
taquicardia.

terça-feira, 30 de março de 2010

co (r) po vaz io



Certa tarde o calor e o enfado me perguntaram: pra que nascer?
Eu: por que isso logo no dia de sebo de sono no olho e louças sujas na pia?
O suor requentando o lençol, a pele morna
Impaciência.
Eu escrevo porque a vida é vazia
Cheia dessas pequenas atribuições nervosas e objetos descartáveis
Sorriso de vadia, canalha na esquina fumando cigarrinho
Nascer é como acordar? Não, tédio
Nascer é como morrer
Acordar é como dormir
Se escrevo é pra ter sorte
Para lembrar
Bebo pra esquecer, fumo pra arrebentar as bolhas dos átomos e me espalhar pelo ar do sangue, flutuar
Lembro das mágoas que escrevi bebendo
Esquecendo e recordando
A vista embaçada com a vida embolada
Embolia
A palavra é a vida que escrevo em meu silencio aterrador
Numa tarde quente, numa vagina fria.




quinta-feira, 18 de março de 2010

Ligação




É como se meu ultimo átomo de juízo
Despencasse por uma ribanceira tresloucadamente
Deslocando as cascas velhas das células, fazendo um escarcéu de pequenas e infinitas explosões inexplicáveis
Apenas porque é; independentemente
Não é a formação de um novo mundo,nem o apocalipse do velho mas a convulsão do mesmo
Perante o limiar de sua loucura, na temível definição de terremoto
É minha loucura se lembrando que sou eu
E amanhece sempre e incondicionalmente para a mesma voz do outro lado da pessoa
É tudo tão pra sempre estar assim, excede as fronteiras de qualquer coisa justa e digna contudo corriqueira
E dura só um segundo o meu colóquio de estrela...

domingo, 14 de março de 2010

mero



Quando um vulcão invade a terra
Não o faz por malignidade
Pois o que há na terra
É o que se revolve junto ao magma
E não sua superfície
O grito da terra vertido em lava
Leva o relógio e o tempo para onde eles pertencem
Zera o infinito
É findo o homem
A mulher e o sal
Quando a serpente se arrasta
na terra , paz na terra
Sucumbe ante a natureza e seu vigor
Quebram-se as leis e os contratos
Na réstia nada é só o que resta
De tudo que fomos um dia

terça-feira, 2 de março de 2010

Passarinho

 



Existe uma mistura de aperto no peito e paz de espírito que
A gente só sente quando ouve uma musica
Mas acredito que existam várias formas de se ouvir, assim como de ver
Às vezes a música vem em formas surpreendentemente visíveis, quase palpáveis
Ainda que distantes
Como o doce que se enxerga pela vitrine, fazendo a mão se frustrar
É doce saborear a sensação de querer e aventurar
Mas há uma pausa imposta pela impossibilidade
Ainda assim a musica prossegue
Basta parar um pouco e lá de relance pode-se ouvi-la sinuosa
Reticente
Tão reticente e tão clara!
Um chegar em casa completo, um aterramento
Uma antiguidade quase não percebida
Uma insegurança de exagerar
A música ignora os ouvidos
Mas quem tem ouvido parar ouvir, ouve
Leve, imponente, clara... Inusitada
Contudo familiar