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sábado, 31 de dezembro de 2011

No futuro que inventei


No futuro que inventei as flores não se machucam

Uma vez desabrochadas, levitam e se perdem no seio de Deus

A terra é reverenciada no futuro próximo de meu sonho

A morte velha amiga, uma sábia que a nada leva precoce

Transfere, multiplica

A dor roda, vive, dá frutos

Os homens, árvores

Mulheres, pássaros

O olho não vê as incertezas no horizonte longilíneo

Se fecha, sonha

Se abre, alegra

No futuro que inventei os sábios serão ouvintes,

E todo silêncio, música

Ouvida a canção da primavera bem vinda, suportaremos todo inverno

No calor das almas onde todos serão irmãos

De porque nasci com cabelos desgrenhados

                                                                  Irmãs lendo - Iman Maleki





Sempre me ponho a gritar na janela de qualquer coisa em movimento

Não sei se era a vida ou eu quem fazia vento

Não tive tempo de pentear o cabelo, mas penetrei nos mistérios do absurdo sem contudo achar resposta

Não tive tempo de seguir a corte, me diluí nos cantos do mundo

Cabelo de grama no chão da noite. Pingando estrela e passarinho.

Eis o absurdo que não posso suportar

Quando vou absorta por entre as nuvens da manhã, descobrindo que se fez tarde

A capa de minha tenda é feita de palavra arrependida, de cabeça rolando em brasa viva, de meninas abraçadas.

Decifrando cada degrau dos obstáculos que se interpoem nesse caminho, percebo: nunca pulei um carnaval, mas vivi.