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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Resposta






Eis nos sinais, nas virgulas, nos sinônimos
eis nos decassilabos, nos antônimos
nossa ânsia, nosso vômito
eis nas casas dos animais a trepar, trepadeiras ambulantes
Sem os compostos comuns à antiga arte do lexico
de que seria feita nossa santa ignorância?
Sem o cheiro da carne que clama por enlevo ou pela descida dos anjos
A carne chama, chama a chama, nas ruas, nos becos, nas lajes dos edificios
Pois a pele é o papel da alma que o sangue preenche de historia
Por veias tortas, por mãos sedentas que rasgam véus
E nós nunca sabemos seus porquês
A estultícia reside em ignorar os deuses que somos, que fui, que és
E que  jamais pedirão outra oferta
Pé descalço e calejado
nossos passos marcando as areias do universo
Cedo ou tarde saberemos, na universidade do tempo, saberemos como quem chora
Como um grande olho que olha sem ter aprendido a olhar
Como um olho que molha a terra aflita, tranqüilo, imponente, imparcial e reflexivo
Como uma grande pupila de pérola no suor da lavadeira
Como uma sereia gigante tangendo o universo com a cauda no oceano profundo, místico, invulgar...

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