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domingo, 28 de fevereiro de 2010

De quando me encontrei ( revisada)

 
Eu que vim sem saber quando
E como
trouxe apenas chagas dum triste passado
Que não contam minha historia
Não vim em nome de ninguém
Vim escrever o errado por certo
Troco a lei pelo travesseiro
Nas escuras linhas do tempo
Faço do laço do ócio e do ópio
Minha musica, minha luz, minha divina imensidão
Eu que já não ando desassossegada a me lançar ao mar
Levanto a mão, sou o centro do universo,
Eu sou o umbigo de Deus
 Eu que tanto sofri em outros nomes
Ando por querer me desfazer de endereço
Pois meu corpo é minha casa e isso basta
Sou errante, sou planeta, não tenho hora,
Tenho vez.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

oração a Hades

 

Hades
Se sou invisível como tu
Hades, troco meu inferno pelo teu
Que vou comer essa brasa de lástima que percorre seu caminho
Arrasa meu infinito e bizarro lume
Que se acendeu com as chagas da humanidade sem assombro
La me ia num barco quando qualquer pedaço de nádega levou meu
Barqueiro do barco
Ia eu em qualquer água? Tinha eu um qualquer nome?
Era meu corpo uma qualquer casca de brasa, Hades?
Queima minha doutrina!
Seja ela alma pervertida sem céu
Invisível teor que se assemelha ao farol do náutilo
Não me deixe morrer de água
Irei pelo fogo de Hades
Invisível! Invencível!
Troco minha dracma pelo teu véu.


Hojoki - visões de um mundo em convulsão




Hojoki é um livro que descreve as miserias humanas. Hojoki foi escrito ha  muito tempo atrás (1177) .Mais que descrever um mundo em convulsão, ele descreve a convulsão de um ser ante a fragilidade da existência e permanência das coisas, a realidade varrida por ventos tempestuosos e fogo também destruiu tudo que havia de certo em seu interior, brotando da destruição questionamentos das certezas e o apego ao desapego...
um poeta budista surpreso ao descobrir em meio a catastofres naturais, que um coração oscilante pode ser a maior delas...

trechos do Hojoki de Kamo-no-Chomei

HOJOKI
visões de um mundo em convulsão

O rio que flui nunca pára
e no entanto a água
nunca permanece
a mesma.

Espuma se forma
nas poças tranquilas
dispersando-se, reformando-se,
nunca durando muito.

Assim é com o ser humano
e todas suas moradas
neste planeta.

Em nossa gloriosa capital
os telhados das casas
de nobres e comuns
desfilam todos alinhados, e parecem
estarem em duelo por proeminência.

Parecem ter durado
por geracões, mas olhe mais de perto —
aqueles que estão de pé há muito tempo
são realmente raros.

Um ano são derrubados
e no outro levantados novamente.

Grandes casas caem em ruínas,
para serem substituídas por casas piores.

Assim é também
com aqueles que nelas vivem.

O lugar em si
nunca muda
e tampouco as multidões
Ainda assim, de todas as muitas pessoas
que um dia conheci
apenas uma ou duas permanecem.

Elas nascem ao por-do-sol
e morrem enquanto surge a manhã
como aquela espuma
sobre as águas.

Pessoas morrem
e nascem —
De onde elas vêm
e para onde vão,
eu não sei.

E tampouco compreendo
as casas efêmeras que elas constroem.

Por quem se preocupam tanto?
O que pode ser tão agradável aos olhos?

Uma casa e seu dono
são como o orvalho que se acumula
nas flores da manhã.

Qual será o primeiro a desaparecer?

Algumas vezes o orvalho se vai
enquanto as flores permanecem.

Mas elas certamente secarão
sob o sol da manhã.

Algumas vezes as flores murcham
enquanto o orvalho nelas se agarra.

mas ele não sobreviverá
 a este mesmo dia.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Acerca da felicidade




Estamos destinados a um prazer que não nos pertence, prazer que fere nosssa pele estranhamente, pois a substancia intima está eivada desde o principio.Obriga-se pois por todos os lados o sentir dor e alegria, artificialmente projetados pelo todo, por todos, mas poucos, muito poucos ousam entristecer-se enquanto a orda pulade alegria.Os cantos de aleluias nessas horas pretende disfarçar a feiúra da vida, é o véu da noiva barbada.Nos quatro cantos da terra incentiva-se pessoas a exprimirem suas almas quando já não as alcançam.Por isso morrem os profetas, de desgosto, de verem sua mensagem surrupiada por um vento infernal de felicidade alheia.
Não é suficiente adorar árvores e estar tranquilo, nem gostar do que é bom abre as portas aos aflitos, mas o pouco que se faz quando é de coração, tanto faz.
Quando é que as pessoas vão parar de satisfazerem seus corpos, suas vistas e seus filhos, em busca de uma verdade maior? a verdade que está cansada de se esconder e encontra-se agora escancarada ao mais inculto de nós todos. A verdade não pode implorar por ouvidos, ela é imortal fagulha de interesse, anexada aos anais da coletividade e mesmo profanada como vem sendo, persiste...
Mas por que isso é importante?
Porque simplesmente essa busca faz e fará sempre com que o ser humano venha a ser finalmente completamente humano