"Sem o coração a vela se torna um esdrúxulo exemplar do princípio da combustão. Inútil e passageiro."
Quando o coração sente a presença divina, todo corpo responde, como uma vela acesa se consumindo. Pura luz invisível alterando a matéria.
É impossível ver o divino, vemos o fogo e também vemos e sentimos nós mesmos, revelados por sua presença. Mas o fogo não é deus, o fogo não é a luz em si. Portanto suas diversas chamadas de deus nada mais são do que o esgotamento da imaginação. Na presença da luz só se revela a ilusão da forma, é preciso ir além.
Definindo um deus, expurgamos nossos demônios e acabamos por adorar a nós mesmos enquanto formas imperfeitas e inacabadas, nisso consiste a idolatria. Porque nada há na presença divina que necessite de nosso amparo, de nossa coordenação.
A magia existe para nos educar e não para ensinar O Divino como agir e o que fazer.
A religião é o ápice da soberba. Não há e jamais haverá intermediador entre o divino e o homem porque a luz penetra em todas as esferas congruentes à sua emanação. Porque a luz já está no homem.
Quem diz ao Sol: podes brilhar ou não podes brilhar?
Tampouco podemos presentear os anjos, eles é que nos presenteiam trazendo-nos a harmonia celestial, para nos lembrar do que somos.
Não podemos alimentar a luz, nós não podemos retê-la, é ela que nos alimenta porque sua fonte é incorruptível e insondável.
A luz é tão ampla que se torna uma metáfora a iluminar o que acreditamos não saber mas sabemos.
Para ser luz, porém, é preciso somente uma atitude: abrir a janela. Temos janelas por dentro e por fora. Janelas de olhos, de ignorância, de medo, janela de orgulho e janelas de entendimento. Janelas de todos os elementos, prontas a serem abertas (pois quase sempre estão fechadas) janelas prontas a reagirem quimicamente à presença dos raios divinos.
Amar abre essas janelas de dentro para fora. Você pode pensar que abrir-se o torna desprotegido. É verdade, você pode se machucar mas somente se desrespeitar seu próprio ritmo, ou se permitir que outros o façam por você. Nossas janelas possuem apenas uma chave: o amor próprio.
Lembre-se: luz nenhuma fere, olhos é que se desacostumam a ver.
Amor é integração das luzes. Muitas luzes existem, luzes luzindo luzes, se reformando,se desdobrando, se eterizando e se astralizando, mas somente uma luz é a fonte de todas essas...
A verdade é que sem essa luz, todas as demais se apagam, e pouco importa o nome que lhe é dado, pois seu verdadeiro nome é secreto e só a própria luz sabe. Muitos a chamam de sol, mas o sol é somente mais uma vela nos ensinando que há uma luz maior, que é o centro de tudo e que devemos também ser pequenos sóis, revelando a existência de novos centros, de novas essências, a saber, O divino, que é sempre maior do que a maior grandeza um dia mensurada.