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domingo, 7 de agosto de 2011

Consentimento


 




Eu cria
Distante de minhas visões equivocadas
Que me apadrinhei de minhas célebres divagações sobre mim mesma
Fui um pai sóbrio e justo, minha cria lambia os dedos sempre que nos alimentávamos da sombra
Fui um pai herói, assombrosamente  sem parcimônia
Distingui na multidão as metades que de mim escarneciam
Cacei-as, assei-as, vomitei-as
E no auge de uma celebração inexplicável ante aos espúrios afetos que me restaram, me lembrei: são três horas nada houve e me ouve.
Fazer-se compreender é um duelo infindo entre a loucura e o anelo
E o juiz, invariavelmente gênio indomável de si para si, implacável e assustador, ao ver minhas lágrimas não se compadece comigo
O juiz é sempre justo, dizem , em suas torturas sagazes, o juiz é sempre um pai, atento e macho
Flagrado a devorar seus filhos

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