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domingo, 7 de outubro de 2012

De ser sociativo

                                        Lunático, Jeremy Geddens http://lounge.obviousmag.org/lunatico/2012/05/as-pinturas-de-jeremy-geddes.html


Eu ia falar, mas você rumou pro absurdo
Naufragamos no há de ser.
Das bolhas de oceano em minhas narinas, do vazio dentro do infinito se abraçando, lho revelo.
O mar de ar, novelador controverso, não conta o verso.
Que é feito do mar de amar infinito?  Aceso explode.
Qual narrar a junção do hidrogênio com o oxigênio depois.
Quem tem água não quer explicação.
Se as moléculas se soubessem,  sujeitar-se-iam não.
Não há uma meta-vida, é só se der ceder.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ericksonianismo breve






 Joaninha visitou minha mão, entre o avanço veloz da bicicleta e o chão.
“Joaninhas não entendem de amanhãs” pensei “pode ser que ela voe antes que eu possa fotografar” e fechei a mão.
Curiosamente meu mundo não mudou, mas eu deixei de sentir a joaninha porque passei a pensar só em mim. A estrada impassível não me julgava, nem a joaninha.
Deixei de viver na proporção que passei a me preocupar com isso. Foi quando abri mão de fechar a mão e escolhi deixar a vida me escolher. Surpreendentemente minha amiguinha ficou ali comigo despreocupadamente por longos minutos. Ate da futilidade desfrutamos, pois ela se deixou fotografar livremente.
A joaninha foi tolerante comigo.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Auto da barca do devir








Aquilo não fora um abraço
Pedidos de socorro não o são
Dois animais deitados no escuro quando se trombam, bradam e confundem os polos
No escuro íntimo, não há espelho que entregue ao cão sua aparência insensata
Não são abraços, não são mãos dadas, não é amor. Repito como um grito. Entendo a agonia de minhas mãos, agonias táteis não se penhoram.
É um pedido de socorro da longínqua nau da solitude que naufragou no mar da ignorância
Aqueles a se abraçarem não são sobreviventes, são apenas fantasmas sem corpos, cães de caça que se esqueceram que o segredo de tudo é ir
A morte há que ser deglutida, assim como a vida, em suas mínimas partes. Nela é preciso se lançar pois nada existe sem entrega
Que cada corpo pese o que é preciso dar para receber ( sabemos intimamente que sim )
Na vida e na morte.
Pois alma e ânsia quando pedem , há que ir.