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quinta-feira, 19 de julho de 2012

07:29 a.m


Era tarde quando vi meu coração virar borboleta. De asas breves partiu no ar insólito da esperança - Outro inseto perigoso – Eu carregava no peito uma nau tumultuosa a quem chamavam de criança. Na lua cheia eu vi que ele vinha em minha direção, mas empertigou-se numa assustadora forma de inseto. 
Eu ia gritar quando, de repente, duas asas transbordaram de suas costas partidas de passado. Aí vi que meu coração era um negro cansado, surrado, açoitado, coitado. Mas isso acabou, quedou agora o medo no espaço cheio de nada que ele deixou. 
Teve sua alforria, quer dizer, restou um segredo e o aceno de mão com cinco dedos de porquês não respondidos. Em suas asinhas mirradas espero que tenha havido saudade. 
Flutuo e ainda espero enquanto ele voa vaidoso de mim. Verso cá por essas linhas sobre finalmente ter tido o que tanto faltava, comemoro nesse memorando de passagem a presença da completa ausência que ficou. O que me faz cidadã distinta pois ausência que fica é responsável diferentemente da ausência que vai. 
O nada sorri e retorce seu ultimo véu de sabedoria sobre mim, prescrevendo final feliz para o eterno instante do meu ultimo suspiro, pois se meu coração foi embora para que eu não sinta dor é para que eu simplesmente morra. Em paz.


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