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sexta-feira, 23 de março de 2012

Pequeno verso alquímico


Tudo que não tenho está no mar
Distinguir essa quase morte é sublimar o ar sublime de Odoyá
Perceber o valor que não existe, valorar o verossímil
Putrefaz cantando...
Em um coração retorto, onda a onda o destino destila
Amar me expande

sexta-feira, 16 de março de 2012

Vigaristia religiosa




Atenção!
A mente mente
mente a mente
eternamente
Amém te a tudo mente

quarta-feira, 14 de março de 2012

Santa inquisição



Minha estrada é feita de sombras.
De medos ignorados que formam um castelo de espelhos
O chão de vidro onde piso com cuidado, reflete um teto diamantinado.
Não espero me quebrar em pedras atiradas, eu bem as mereço. São meus passos que partem o chão...
Procuro minha face nas paredes, inutilmente. Vejo sombras em todos os lados.
Caminho perpétuo na trinca de pesadelos
Invasão do frágil secreto estilhaço de certezas que, vagarosamente, teci pra mim, em mim. Formando cicatrizes escabrosas as quais nutro como uma mãe à sua criança.
De que adianta tanta proteção acima, se o abismo vem de baixo? Se é dentro o fogo molhado, vermelho molhando que não sacia, queimando as réstias de consciência numa insustentável e frágil persona
E quem dirá: segure-se em mim? todos estão tão ocupados correndo contra o tempo, correndo atrás do vento.
Todos esses bonecos de centelha a quem chamo semelhantes - e me gritam aturdidamente sem compaixão - são ecos da minha própria voz.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Vida insistente


O ventilador quebrado no meio da tarde e o cobrador esperando na porta
Meu deus destranque ela pra mim...
Não sei se posso abrir, não sei se pago o que prometi
Um dia esse danado volta a funcionar, bem quando eu não mais precisar dele
A vida é assim, as vezes o inútil te imobiliza no meio da sala
Lembrando o que não permaneceu, teimando com deus
E é aí que tudo para de funcionar e o calor espalha deixando todo mundo sem jeito
Expondo a pele de dentro que chora secreto no tum tum
A vida é carne de pescoço
Digo isso enquanto alembro
Do convite magnânimo daquele abraço que faz tempo.