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quarta-feira, 30 de março de 2011

Fusão parte I


Meu homem convenceu o todo do quanto sou normal
Meu homem cavucou meus seios a procura de imortalidade
E vituperou sobre a fenda aberta em minhas pernas
Os ecos transformaram-se em laços, não em nós
Laços no mundo que trouxe de volta minha mulher
Não era humilde nem bela, era só
Mas veio, desgrenhada, assumir seu posto de mulher barbada
Meu homem se estranhou com minha mulher e gritaram um pro outro
Que sufoco
Que sufoco!
E enfim, sós.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Íris





O olho é branco, é preto, é vermelho
O olho é branco, é vermelho maré cheia

O olho é preto, a lágrima é sereia
O olho é preto mas a alma clareia.

sábado, 19 de março de 2011

Sabedoria Ancestral


O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a
árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que
respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao seu próprio mau cheiro...
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra .Se nós decidirmos aceitá-la, imporei uma
condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, em breve acontece com o homem. Há uma lição em tudo, Tudo está ligado. 
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com a vida de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas: que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra acontecerá também aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Disto nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem é que pertence à terra. Disto sabemos: todas
as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu a teia da vida: ele é
simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos ao tecido, fará o homem a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do
destino comum, é possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos (e o
homem branco poderá vir a descobrir um dia): Deus é um só, qualquer que seja o nome que lhe dêem. Vocês podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não épossível. Ele é o Deus do
homem, e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e
feri-la é desprezar seu Criador. Os homens brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as
outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe
a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos das florestas densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídas por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece, um pouco estranha.
Se não possuímos o frescor do ar eo brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço de terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de
areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e
experiência do meu povo. A seiva que pereorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do
homem vermelho...
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos
antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada e devem ensinar às
suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e
lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças.
Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar para seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também, E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer
irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o
mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra tudo que
necessita. A terra, para ele, não é sua irmã, mas sua inimiga, e, quando ele a conquista, extraindo dela o que
deseja, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta
da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa... Seu apetite devorará a terra, deixando somente
um deserto.
Eu não sei... nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem
vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar
defolhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não
compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta de um homem, se não pode ouvir o
choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem
vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o
próprio vento, limpo por uma chuva diuma ou perfumado pelos pinheiros.
 



Carta do Chefe Indígena Seattle
O texto acima, datado de 1854, é reprodução da resposta do cacique Seattle ao Presidente
norte-americano F. Pierce, que tentava comprar suas terras.